quarta-feira, junho 04, 2008

LISBOA: ALFAMA CRITICA CORTE NOS APOIOS DA CÂMARA PARA ARRAIAIS POPULARES

Publicado em 15 de Maio de 2008 pela LUSA/SAPO

A Presidente da junta de freguesia de Santo Estêvão, em Alfama, assim como as colectividades e os comerciantes e moradores da zona, criticam a Câmara de Lisboa por falta de apoios nos arraiais populares.

Os moradores de Alfama dizem que a zona "está a morrer", a propósito de as colectividades virem a receber este ano da Câmara menos de 75 por cento do dinheiro do ano passado para financiar os arraiais dos santos populares, proposta aprovada em reunião de executivo.

"Estou contra o facto de a Câmara fazer coisas destas", afirma presidente da junta, Lurdes Pinheiro, justificando: "As colectividades é que dinamizam os santos populares e estão a tirar-lhes os meios para isso."

"As colectividades vão ter muitos problemas em cumprir o regulamento que a própria câmara estipulou para os arraiais, como por exemplo a regra que exige música ao vivo. O dinheiro que vão dar agora não chega para pagar nem uma noite de música", observa a presidente da junta.

Os arraiais são organizados por voluntários, "mas não é o pobre que vai pagar as bandas que actuam", reitera Mário Rocha, presidente do Centro Cultural Magalhães Lima, uma das colectividades que costuma receber o apoio da Câmara, e que vê em risco, este ano, a organização dos seus arraiais.

A presidente da junta acredita que a medida adoptada pela câmara "é apenas uma desculpa", pois "entretanto [a câmara] vai apoiando eventos privados como o Rock in Rio".

"A tradição deixa de ser tradição", acrescenta.

Alguns comerciantes como o casal Marques, que gere o restaurante Tolam, criticam as licenças que têm de pagar à Câmara para, por exemplo, porem o "fogareiro na rua".

"Acho mal as colectividades terem apoio e nós não", pois, acredita Fernando Marques, "os comerciantes também fazem a festa" e apresentam condições de que esta necessita, "como as casas de banho que todos usam".

"Pelo menos devíamos estar isentos de pagar a licença", contesta o dono do restaurante, afirmando que assim "a gente acaba por desistir de participar nos arraiais."

"Qualquer dia isto morre. Apenas o amor de algumas pessoas que fazem um grande esforço mantém o Santo António", observa Hermínio Álvaro, morador da freguesia de Santo Estevão.

Artur Pereira, de 63 anos, acrescenta que "antigamente" a festa decorria durante "o mês todo", recordando a existência de "um coreto com um conjunto a tocar": "convivia-se... E agora não permitem isso".

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