sexta-feira, junho 06, 2008

MARCHAS POPULARES: SANTOS DE ONTEM… E DE HOJE?

Publicado em Visão.pt por Sara Rodrigues - 06 Jun 2008

Junho é mês de festa em Lisboa. As marchas desfilam pela avenida, montam-se os arraiais, come-se sardinha assada e oferecem-se manjericos com quadras populares. Será que antes as comemorações eram mais genuínas?

Começou o mês dos Santos Populares. Da sardinha no pão, do manjerico, do balão e do arco, das marchas na avenida, dos arraiais. Enfim, Lisboa vai sair à rua para festejar. Mas será que o faz da mesma maneira? A tradição mantém-se? Poderemos dizer que a tradição de comemorar se mantém, mas quase tudo o resto foi alterado. Se é para melhor ou pior não nos cabe a nós decidir. Basta olhar para estas fotos para perceber que é… diferente.


Os grandes arraiais e bailaricos na Praça da Figueira (como se vê nas fotos) já não existem, agora estão espalhados pela cidade (este ano são 26 locais), as tais sardinhas assadas atingem preços astronómicos por esta altura (no ano passado custavam €2 cada) e a devoção ao Santo António já não é tão fervorosa.


Mas não há dúvidas que é uma mega festa, a que este ano se vai juntar o Euro 2008 e, em Agosto, os Jogos Olímpicos. Sim, é verdade que estamos a falar do mês de Agosto, já que basta dar uma vista de olhos no programa das Festas de Lisboa para ver que começam em Maio e vão até Setembro.
Mas também sabemos que atingem o seu auge no mês de Junho e o clímax na noite do dia 12, véspera de Santo António. É nessa noite que milhares de pessoas saem à rua e, verdadeiramente, entopem alguns dos bairros mais típicos da capital, como Alfama, Bairro Alto ou Castelo. E, é também nessa noite, que desfilam na Av. da Liberdade as Marchas, essa manifestação popular que assumiu cariz cultural e foi classificada em 19.º no ranking das 50 melhores festas europeias. Esta tradição que alia a música, à poesia, à representação e à dança começou em 1932 pela mão do cineasta Leitão de Barros e, apesar de algumas interrupções devido à II Guerra Mundial e ao período do pós-25 de Abril de 1974, tornou-se um ícone das festas.


Durante muitos anos, além da avenida, desfilavam também no Pavilhão dos Desportos (mais tarde baptizado de Carlos Lopes), mas, mais recentemente, é no Pavilhão Atlântico que se discutem as pontuações e as melhores coreografias (este ano, 20 marchas estão a concurso com encenações dedicadas a Fernando Pessoa, pelo 120.º aniversário do seu nascimento, Padre António Vieira, pelo IV centenário do seu nascimento, aos 200 anos da chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil e ao Ano Europeu do Diálogo Intercultural).


Mas não é só isto. Se ao longo dos anos têm sido incluídos no programa das Festas de Lisboa diversos apontamentos musicais como a Festa do Fado ou o fado nos eléctricos, este ano ainda acrescentaram momentos teatrais nos autocarros, jazz nos elevadores da cidade, uma corrida de atletismo nocturna e a 2.ª Edição do City Chase, uma espécie de peddy paper com corrida de obstáculos a que chamam a «maior aventura urbana da sua vida!». As festas desta cidade têm, sem dúvida, um novo élan.

1 comentário:

G.A.M.N.A.A. disse...

Também somos Lisboa!




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