sábado, janeiro 22, 2011

ESGOTOS DOMÉSTICOS JÁ NÃO CHEGAM AO TEJO SEM TRATAMENTO


Publicado no Público em 22.01.2011 - 19:10 por Carlos Pessoa

Os esgotos produzidos pela cidade de Lisboa já não vão parar ao Tejo. A partir de agora, os efluentes urbanos de cerca de 120 mil residências são elevados desde o Terreiro do Paço até à Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcântara, contribuindo para a melhoria da qualidade da água do rio.

Um investimento de cerca de 100 milhões de euros tornou possível esta mudança, executada pela Simtejo, uma empresa de capitais públicos participada pelo grupo Águas de Portugal e pelos municípios de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira. A finalização dos trabalhos foi celebrada esta tarde no Terreiro do Paço numa cerimónia (“O Fado do Tejo Mudou”) em que estiveram presentes a ministra do Ambiente e do Ordenamento do Território, Dulce Pássaro, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, e o secretário de Estado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, Marcos Perestrello. O programa incluiu ainda uma regata de canoas do Tejo, com início no Cais das Colunas.

“A par da erradicação das barracas, esta é a obra mais importante das últimas décadas”, disse António Costa, defendendo que “a recuperação ambiental do Tejo é fundamental para a vida da cidade”.

Além de evitar que os esgotos entrem no rio sem tratamento, a concretização deste projecto permitiu à EPAL reforçar a qualidade da água de abastecimento público e libertar o Terreiro do Paço dos automóveis, lembrou o autarca lisboeta.

Já em Março, serão inauguradas as primeiras esplanadas na praça, adiantou António Costa, que anunciou a abertura de concurso para a ocupação de espaços do Terreiro do Paço que permitam “dar vida e animação” ao local. “A frente ribeirinha tem 19 quilómetros de extensão e isso é uma especificidade única da cidade. Temos que saber valorizar o estuário, que está cheio de oportunidades de utilização para lazer, cultura, desporto ou actividades económicas”, disse ainda o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.

A reabilitação urbana não termina com esta obra. António Costa referiu-se à criação, em 2013, do Jardim do Oriente, um novo equipamento que leva mais longe o esforço iniciado em 1998 na zona oriental de Lisboa, por ocasião da Expo: “Tudo isto, concluiu, para transformar a relação da cidade com o rio.”

Na sua intervenção, a ministra do Ambiente afirmou que a “despoluição do Tejo é um grande desafio à engenharia portuguesa”. Disse que a intervenção coordenada nas margens Sul e Norte, com um investimento de 630 milhões de euros, “vai permitir usufruir o estuário em condições ambientalmente adequadas, potenciando o desenvolvimento sustentável da cidade e da região”.

NÚMERO DE FREGUESIAS CAI MAS COMPETÊNCIAS AUMENTAM


O novo mapa de Lisboa proposto pelo PS e pelo PSD, que reduz para 24 as actuais 53 freguesias, atribui às juntas mais competências a nível de manutenção do espaço público, gestão de equipamentos, intervenção comunitária e habitação.
Segundo o documento, assinado hoje pela distrital do PSD e pela federação da área urbana do PS, as juntas de freguesia ficarão, por exemplo, a assegurar a manutenção de espaços verdes, conservar pavimentos pedonais, limpar as ruas, licenciar actividades como a venda ambulante de lotarias ou leilões, construir parques infantis e sanitários públicos, gerir feiras e mercados ou a definir critérios especiais nos processos de realojamento.

Estas competências não se aplicarão, contudo, quando envolvam «espaços, vias, equipamentos ou matérias de natureza estruturante para a cidade» e o apoio a actividades e instituições não serão dados se já houver apoio da câmara.

De acordo com o presidente do executivo municipal, António Costa (PS), o reforço da descentralização de competências será suportado apenas pelo orçamento camarário e não implicará mais despesa com meios humanos ou físicos, pelo que alguns colaboradores da câmara passarão para as juntas.

Com a proposta de reforma administrativa, os dois partidos sugerem também uma reorganização dos executivos das juntas, com «a possibilidade de aumentar o número de permanências dos membros».

O documento visa também dar «expressão administrativa» às freguesias e equilibrar as suas dimensões relativas, já que há freguesias com 400 eleitores e outras com 45 mil.

Os dois partidos, que negociaram ao nível concelhio e distrital, propõem que seja criada uma nova freguesia do Oriente em parte da atual freguesia de Santa Maria dos Olivais, mas sem incluir para já algum território do vizinho do concelho de Loures, como reivindicado por comerciantes e moradores do Parque das Nações.

Excluída fica a ideia, contemplada num estudo feito por um consórcio universitário no ano passado, de criar a freguesia de Telheiras, separando este bairro da restante área do Lumiar.

Assim, esta freguesia mantém o desenho actual, tal como Carnide, São Domingos de Benfica, Benfica, Campolide, Ajuda, Alcântara, Marvila e Beato.

As restantes freguesias são associadas em novas, definindo-se as seguintes junções: Campo Grande/São João de Brito/Alvalade, Anjos/São Jorge de Arroios/Pena, São João/Penha de França, Santo Condestável/Santa Isabel, Lapa/Santos/Prazeres, São Sebastião/Nossa Senhora de Fátima, Alto do Pina/São João de Deus, Charneca/Ameixoeira, São Francisco Xavier/Santa Maria de Belém, São Vicente de Fora/Graça/Santa Engrácia, Mercês/Santa Catarina/Encarnação/São Paulo e São Mamede/São José/Coração de Jesus.

A maior associação ocorre no centro histórico, com a união dos Mártires, Sacramento, São Nicolau, Madalena, Santa Justa, Sé, Santiago, São Cristóvão e São Lourenço, Castelo, Socorro, São Miguel e Santo Estêvão.

A proposta será apreciada na próxima semana na câmara e segue para a assembleia municipal (onde o voto do PS e PSD garante a aprovação), sendo depois submetida a discussão pública, nova votação nos órgãos autárquicos e, finalmente, à apreciação da Assembleia da República.

O líder da bancada municipal do PSD, António Prôa, sublinhou a importância de o Parlamento «ser capaz de corresponder até ao final» ao anseio da cidade e de a reforma administrativa de Lisboa não estar dependente de outras eventuais reivindicações idênticas no resto do país.

Publicado pela Lusa / SOL em 20-01-2011

http://downloads.sol.pt/pdf/Limites_17_01_2011.pdf

ALFAMA REJUVENESCIDA

Bairro ex-líbris da noite de Santo António lisboeta tem cada vez mais jovens a viver nas suas casas remodeladas, nas ruas estreitas de sempre. Ao mesmo tempo abrem-se novos bares, restaurantes de petiscos e casas de fado, lojas e galerias.

Publicado na Visão por Sónia Calheiros (texto) e Álvaro Isidoro (fotos)
19:00 Sexta feira, 21 de Jan de 2011

O tempo da estiva e das atividades ligadas ao rio há muito que desapareceu. Casas velhas dão lugar a apartamentos remodelados para estrangeiros ou estudantes inseridos no programa Erasmus alugarem. Alfama está na fase em que o moderno se mistura com o tradicional, numa certa recuperação da tradição boémia. A VISÃO7 percorreu as ruas de Alfama à descoberta das novidades, em dia de cozido à portuguesa nos restaurantes. O passeio começa na Rua dos Remédios, a mais movimentada, apesar do trânsito condicionado. O som do cutelo vem do talho Chafariz (n.º 11) mesmo em frente à Ermida de Nossa Senhora dos Remédios, monumento nacional (portal) e imóvel de interesse público (edifício). À esquerda, na esquina com a Rua da Regueira, "escritos" nas janelas de um prédio esperam novos inquilinos. A Ourivesaria Jovem no n.º 28, a barbearia do senhor João, à esquerda, no 27. A Calçadinha de Santo Estêvão esconde os restaurantes Mestre André e Os Minhotos. Na casa Cafés Delícia, n.º 64, ouve-se o moer dos grãos de café, do outro lado da rua, a Junta de Freguesia de Santo Estêvão. No típico Mercadinho da Lila, a dona vê-se confrontada com a "concorrência desleal" da comunidade paquistanesa, pois "abrem mercearias com preços mais baixos, vendem vinho a copo...", oferecem internet, entrega de gás em casa e até anunciam um chá devorador de gorduras.

Fados e petiscos É no n.º 83 que desde outubro de 2009 se canta o fado vadio n'A Tasca do Chico (T. 96 133 9697), com João Carlos (voz), Flávio Cardoso (guitarra) e Tiago Silva (viola), de quinta a domingo (21h30-2h). Espaço estreito, com luz baixa e nas paredes muitas fotografias de fadistas. Ali já cantou Mariza, João Roque, Abel Lopes, Paula Colaço, Samuel Julião, Paulo Rocha, entre muitos outros. Para a mesa vem caldo verde, bacalhau assado, chouriço e morcela assados, pregos, pastéis de bacalhau, rissóis, sandes. A lotação esgotada, numa sexta-feira à noite, estende-se também ao Grelhador de Alfama (T. 21 888 6298), ao Sr. Fado (T. 21 887 4298) e à Bela Vinhos & Petiscos (T. 96 467 0964). À porta do n.º 84, escritórios da empresa de passeios Lisbon Walker (www.lisbonwalker.com), o folheto desdobrável resume os passeios pela cidade realizados diariamente (10h) com ponto de partida na Praça do Comércio (esquina com a Rua do Arsenal). Mais à frente o 100 Remédios (T. 21 885 3104) ocupa o n.º 89. Há seis meses Marta Pedroso e Ricardo Fernandes abriram este pequeno bar onde servem chás, sumos, tostas, saladas, scones e também brunch. O Supercalifragilistic (T. 91 250 6755, 93 331 1969) dá vida ao n.º 98. Alexandra Sumares e Sofia Garrido querem que este "tasco atípico" seja "local de convívio pouco organizado onde a qualquer hora do dia se servem petiscos e se bebe vinho". Na montra do 102, a Galeria Articula, de joias e objetos, de Teresa Milheiro (T. 93 411 3225, 21 191 3138) aluga mesas/bancadas de trabalho. Subimos até ao 116 onde os panos com galos de Barcelos, a 60 e 75 cêntimos, à entrada, nos atraem para o interior da casa de botões, com verdadeiras relíquias da marca portuense O Rei dos Botões. À conversa com Mário de Almeida, 84 anos, cuja memória é invejável, relembram-se tempos áureos do comércio tradicional em Lisboa.

Num recanto, ao lado das Escadinhas do Arco da Dona-Rosa, A Mesa de Frades (T. 91 702 9436), casa de fados no n.º 139, onde se canta pelo prazer, seja de fato e gravata, de xaile ou mesmo de calças de ganga. Nesta antiga capela, às segundas-feiras ouve-se Ricardo Ribeiro; às terças Joana Amendoeira; quartas para Rodrigo; quintas com Tânia Oleiro; sextas com Pedro Moutinho e sábados, Ana Sofia Varela. O pão vende-se no 152. Mais acima, já no 190, Bela, uma tasquinha das antigas, que parece um autêntico armazém de recordações. Atrás do balcão uma coleção de estatuetas de Santo António "abençoam a casa", diz Anabela Paiva. Aos domingos Hélder Moutinho canta o fado, acompanhado por Ricardo Parreira (guitarra) e Marco Oliveira (viola); à terça-feira é noite de poesia; a música ao vivo chega à quinta-feira com João Madeira. "Os outros dias são para conversarmos", brinca Anabela. Quase a chegar ao fim da Rua dos Remédios, n.º 175, na vitrina da Sapataria Ondina lê-se "a EMEL está a matar Alfama". Vasco Santos, 69 anos, discorda das restrições colocadas aos automóveis. Já perto da hora de almoço, é na loja Ou Sim Ou Sopas, n.º 182, que o vaivém aumenta. Maria Luísa Fernandes vende sopa e comida para fora desde há seis meses. "De maio em diante o ambiente desta rua é muito divertido."

sexta-feira, janeiro 07, 2011

CARRO À PORTA DO EMPREGO TEM OS DIAS CONTADOS

Novo regulamento de estacionamento tarifado em Lisboa deverá ser aplicado em Março com fiscalização redobrada nas zonas de tempo de paragem limitada.

Publicado no Público por Carlos Filipe, 05.01.2011

Quem se desloca de automóvel para o eixo central de Lisboa e chega cedo encontrará um lugar muito perto do local de trabalho. Depois é só encontrar o parquímetro mais próximo e introduzir as moedas suficientes para as primeiras quatro horas. E após o almoço repete-se a operação, com o dinheiro suficiente para completar o horário de trabalho. Até agora tem sido assim. A partir de Março, aquele estacionamento só será autorizado, no mínimo, até à hora da bica matinal (duas horas). No máximo, dependendo da zona, dará até ao almoço (quatro horas). A partir daí, se a viatura não for retirada do lugar, incorre-se em infracção.

O novo regulamento de estacionamento tarifado de duração limitada, que será hoje votado em reunião camarária, foi apreciado favoravelmente pelo executivo em Julho, com abstenção do PSD e voto contra do CDS, por não estar previsto período de consulta pública, omissão essa já corrigida. O vereador da mobilidade, Fernando Nunes da Silva, conta apresentá-lo em Fevereiro à assembleia municipal, para que em Março possa ser aplicado.

A proposta camarária, baseada num estudo encomendado pela Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa (EMEL), põe termo à tarifa única para toda a cidade de Lisboa, passando a praticar-se valores distintos conforme as características de cada coroa (interior e exterior) ou eixo viário. Há inclusivamente uma redução no tarifário para a coroa exterior, que baixa a partir da segunda hora. Estacionar até quatro horas vai custar 3,20 euros.

Assuntos rápidos

São criados eixos de estacionamento de curta duração (duas horas) nos locais de especial concentração de comércio e serviços e que beneficiem da oferta de transportes públicos ou de alternativas ao nível do estacionamento (parques subterrâneos ou silos). São os casos da Baixa-Chiado, Príncipe Real, Avenida da Liberdade, António Augusto de Aguiar, Saldanha, Avenida da República, Entrecampos, e avenidas dos EUA e das Forças Armadas, que estabelecem o limite (a norte) da coroa interior - a tarifa, que só permite duas horas de estacionamento, atinge o máximo de 3,20 euros.

Nestes eixos, os valores são aumentados em cinco por cento e, no limite, só dará para estacionar e tratar de um assunto rápido. Estacionar todo o dia à porta do emprego em algum daqueles locais tem os dias contados, pois a fiscalização da EMEL será reforçada e serão anotadas as matrículas, para que não haja possibilidade de extensão de tempo de estacionamento com aquisição de novo talão para mais duas horas.

Para as limitações de paragem a quatro horas concorrem algumas ruas de Campo de Ourique, Amoreiras, avenidas de Roma e da Igreja e Parque das Nações. Nestes casos, quatro horas de paragem custarão 4,80 euros. Os bairros de acesso condicionado - Alfama, Castelo, Bairro Alto, Mouraria, Santa Catarina/Bica - também têm novo regulamento.

VIELAS DE ALFAMA POR MARIZA