quarta-feira, abril 25, 2007

CONTESTAÇÃO A PROJECTO DA APL EM SANTA APOLÓNIA

Publicado no DN, por Luísa Botinas

O vereador eleito pelo Bloco de Esquerda no município de Lisboa, José Sá Fernandes considera "inqualificável" o anúncio da consignação da primeira fase da obra do terminal de cruzeiros de Santa Apolónia aos empreiteiros, sem que a Câmara de Lisboa se tenha pronunciado. E por isso disse já ter pedido uma reunião com a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino.Sá Fernandes , aponta o dedo sobretudo a Carmona Rodrigues e ao "seu silêncio" perante "esta ilegalidade". É que segundo o vereador, "a frente Santa Apolónia até à doca da Marinha é a última onde ainda se consegue ver o rio, mas que depressa acabará quando o terminal for construído e quando cinco barcos de cruzeiros atracarem. Além do mais, a autarquia tem que se pronunciar quando os projectos incluem hotéis".Sá Fernandes não está só na contestação a este projecto que representa 45 milhões de euros de investimento total. Um grupo de cidadãos, unidos no Forum Cidadania Lx, critica igualmente o anunciado empreendimento. "O que está proposto é um muro de 600 metros de extensão e oito de altura que vai tapar a vista e a frente de Alfama", disse ao DN Paulo Ferrero, membro desta comunidade que se junta no blogue cidadanialx.blogspot.com. "Tudo isto é contrário às anunciadas intenções do ministro do Ambiente e do presidente da CML para a zona ribeirinha", acrescentou. O DN contactou o gabinete de Carmona Rodrigues, não tendo obtido respostas.O projecto do novo terminal de cruzeiros de Santa Apolónia deverá estar pronto, segundo Administração do Porto de Lisboa (APL), em 2010. O projecto tem autoria do arquitecto Rui Alexandre e integra o actual Cais de Santa Apolónia e toda frente de acostagem até à Doca da Marinha, nas imediações do Terreiro do Paço. Inclui além do novo terminal de passageiros, um hotel, espaços comerciais e escritórios.Para o arquitecto Gonçalo Cornélio da Silva, bolseiro da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da Gulbenkian e professor de Arquitectura na Universidade de Notre Dâme (Indiana, EUA) "este projecto provoca o colapso da frente rio histórica não é aglutinador dos interesses dos seus habitantes, nem tão pouco responde a uma implicação de cidadania ou de melhoria ou valorização substancial da cidade de Lisboa". E vai mais longe: "É um barrote de cerca de 600 metros lineares com oito metros de altura em frente à cidade histórica. Esta situação é reveladora do descalabro urbanístico que representa a adição avulsa, da colocação de objectos arquitectónicos apátridas sobre um cenário espectacular único que deveria ser património da Humanidade."José Sá Fernandes promete não dar tréguas a mais um caso que, considera, configura "ilegalidade" pois "vai totalmente contra o que diz o Plano Director Municipal de Lisboa sobre a frente ribeirinha da cidade".O vereador eleito pelo BE diz que este projecto lhe faz lembrar o polémico POZOR também de iniciativa da APL. "A quem é que isto interessa?", questiona. "Os cruzeiros dão prejuízo ao Porto de Lisboa. Estes turistas fazem uma despesa de sete euros, em média, segundo a APL. Quem ganha com este projecto são as agências de navegação", diz. Segundo o Jornal de Notícias, as obras que têm como pressuposto concentrar todo o movimento de navios de cruzeiros de passageiros em Santa Apolónia, numa zona nobre da cidade e disponibilizar os actuais terminais de Alcântara e Rocha de Conde Óbidos, começam no segundo trimestre do ano. Para Manuel Frasquilho, presidente da APL , o objectivo é que o novo terminal venha a receber 500 mil passageiros.

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