domingo, outubro 08, 2006

A POPULAÇÃO DE ALFAMA

EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA

Levantamento de 1988-1994
12.574 Habitantes
Homens: 45,7% Mulheres 54,3%
Jovens: 20%
Adultos: 50%
Idosos:30%

Censo de 2001 do INE
7.497 Habitantes
Homens: 44,5% Mulheres 55,4%
Jovens: 14,9%
Adultos: 55,9%
Idosos: 29,1%

EMPREGO

Durante anos as actividades portuárias foram um pólo de atracção para as vagas de várias gerações de migrantes. Aqui predomina uma população envelhecida, maioritariamente com baixo nível de instrução, com fracas qualificações profissionais, trabalhando no comércio e no sector terciário inferior e com um peso significativo de reformados.

Activos: 40,3%
Desempregados: 3,48%
Não activos: 56,15%
Reformados e pensionistas: 31,7%

ESCOLARIDADE

As habilitações não ultrapassam em média os primeiros ciclos de escolaridade.

Censo de 2001
Analfabetos: 14%
1, 2, 3 ciclos: 64,3%
Secundário: 12,26%
Curso médio ou superior: 9,4%

A generalidade dos jovens do centro estuda na Escola Secundária de Gil Vicente, localizada na freguesia de São Vicente de Fora. A escola recebe, assim, alunos que espelham o que parece ser a realidade social dos bairros popularese de pequena burguesia da Lisboa histórica: baixo grau de instrução e pouca variedade de interesses culturais, desemprego, trabalho precário, trabalho por turnos, problemas financeiros vários, dificuldades de acompanhamento dos filhos, quer em termos de quantidade quer em termos de qualidade do tempo com eles despendido. Uma parte significativa dos nossos alunos tem, à partida, poucas expectativas acerca do seu percurso e procura alcançar apenas objectivos mínimos de aprendizagem.
Para além de contar com este factor, ao longo da última década, a Escola Secundária de Gil Vicente tem vindo progressivamente a perder alunos. As causas para este decréscimo são muitas e variadas, mas têm por base questões de ordem demográfica e de fluxos populacionais no seio da Grande Lisboa, com a progressiva desertificação e envelhecimento do centro da cidade.

Com os jovens a saírem do centro para a periferia paralelamente à invasão de escritórios com o congestionamento das ruas e provocou a falta de vivência e o envelhecimento dos bairros típicos tornando os locais desinteressantes, desequipados ou obsoletos.

Tal como todos os bairros das freguesias centrais da cidade de Lisboa, também os bairros pertencentes à área de influência da escola têm assistido à saída de uma parte considerável da sua população para a periferia da cidade, onde o preço da habitação é menor, levando ao progressivo envelhecimento da sua população residente. No entanto, a atracção pelas áreas antigas que se tem verificado nos últimos anos permitiu a reabilitação de alguns dos edifícios degradados e a renovação de outros, o que desencadeou um fenómeno de gentrificação ou seja, a recente substituição dos anteriores moradores, pertencentes a classes populares, por residentes com outro perfil social, detentores de níveis bem mais elevados do ponto de vista económico e cultural.

A par desta nova dinâmica social, é de referir o número crescente de população imigrante das mais diversas origens a residir nestes bairros, contribuindo para uma maior heterogeneidade social, cultural e linguística, que é um reflexo do crescente multiculturalismo da cidade de Lisboa e da nossa escola.

É deste quadro socioeconómico que provém a esmagadora maioria dos alunos da Escola Secundária de Gil Vicente, o que ajuda a compreender as baixas expectativas relativamente à escola, as significativas taxas de insucesso e de abandono escolar e as escolhas dos percursos profissionais em detrimento da continuação dos estudos.

EDIFICADO

Existem algumas razões objectivas, que dificultam o repovoamento do centro por novos habitantes:

1 - O valor médio por m2 para arrendamento em Lisboa é mais elevado que em muitas cidades espanholas;

2 - Alfama sobreviveu ao terramoto quase intacta. No entanto, a tipologia dos fogos é de reduzida dimensão, muitas vezes degradados, com pouco espaço e fracamente iluminados:
T0 - 5,7%; T1 – 33,2%; T2 – 30,6%; T3 – 15,6%; T4 – 7,2%; T5 – 7,7%

Em Alfama e noutros bairros históricos de Lisboa e Porto há muitos fogos com 20 m2, ou menos, de área útil, e um fogo por piso. Estas áreas inviabilizam tipologias de acordo com os mínimos aceitáveis. Não faz sentido reabilitar um fogo mantendo uma tipologia completamente desadequada face à vivência actual. Mas se aumentam as áreas, alguns dos inquilinos terão que ser realojados noutros locais. Como é que o senhorio vai dirimir esta questão?

  • Caracterização do meio envolvente no Projecto educativo da Escola Secundária de Gil Vicente


  • Casar na Lisboa do séc. XIX – Duas freguesias em análise


  • A Complexidade Familiar em Alfama


  • «Análise Social», Número 166


  • Habitação e Mercado Imobiliário na Área Metropolitana de Lisboa


  • Espaços de co-residência e de entreajuda
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